terça-feira, 29 de julho de 2008

O que são Distúrbios Alimentares?
São doenças psiquiátricas estando na sua origem a interação de fatores psicológicos, biológicos, familiares e socioculturais. Caracterizam-se, fundamentalmente por alterações significativas do comportamento alimentar.
Os distúrbios alimentares ocorrem predominantemente nos países industrializados, tendo uma incidência menor nos países pouco desenvolvidos e fora do mundo ocidental. Afetam sobretudo as mulheres jovens, aparecendo no homem apenas em cerca de 10 % dos casos. Dados como estes indicam que os distúrbios alimentares estão interligados a fatores socioculturais. Existe um largo consenso entre investigadores e clínicos que isoladamente nenhum fator etiológico só por si é suficiente para explicar o desenvolvimento de um distúrbio alimentar ou contribui para explicar a variância entre a população clínica. A importância relativa das influências socioculturais, biológicas, psicológicas e familiares e a forma como interagem entre si pode ser diferente consoante o período desenvolvimental da jovem, influenciando o aparecimento ou não do distúrbio alimentar e a sua cronicidade.
Sabe-se que não se deve a modas, mas que a pressão cultural para a magreza, a insatisfação e a preocupação com o peso podem contribuir, juntamente com outros fatores, para um aumento da vulnerabilidade, que por sua vez pode levar á tomada de decisão de iniciar uma dieta. É pertinente referir que a dieta só por si não constitui uma condição suficiente para o desencadear de um distúrbio alimentar, mas é uma condição necessária, dado que não existem distúrbios alimentares sem dieta.
Dos vários distúrbios alimentares existentes destacamos a Anorexia Nervosa Tipo Restritivo ou Purgativo, a Bulimia Nervosa Tipo Purgativo ou não Purgativo e a Ingestão Compulsiva.
Sinais de Risco e de Alerta
• Emagrecimento rápido sem causa aparente
• Redução na quantidade de alimentos ingeridos ou escolha de produtos magros ou de baixo valor calórico (dieta)
• Desculpas freqüentes para não comer ou para o fazer isoladamente
• Praticar exercício físico em excesso
• Amenorréia nas raparigas e perda de ereção nos rapazes
• Mudança de temperamento (maior agressividade, irritabilidade e isolamento social)
• Desenvolvimento de comportamentos ritualizados à refeição (ex. cortar a comida aos bocadinhos)
• Não assumir a fome
• Isolamento social
• Atitude extremamente critica em relação à imagem e forma corporal
• Grandes oscilações de peso
• Comer freqüentemente grandes quantidades de comida de forma compulsiva
• Comportamentos compensatórios do ganho de peso (ex. vômito)
• Utilização de laxantes ou diuréticos
• Instabilidade emocional (alteração de humor)
Regras Alimentares
Não basta comer, é necessário comer bem.
A alimentação desequilibrada, por carência ou excesso, leva ao aparecimento de várias doenças.
Todos os alimentos têm importância no bom funcionamento do organismo.
Regras fundamentais:
• Refeições fracionadas (três principais e duas a três intercalares)
• O pequeno almoço é muito importante, não deve ser omitido
• É obrigatório o consumo diário de leite e derivados (queijo e iogurtes,...)
• Comer legumes, saladas e frutas frescas diariamente
• Os cereais, leguminosas secas e batata são importantes em alimentação saudável
• O azeite á a melhor gordura, quer como tempero, quer para confecção.
• Consumir carne, peixe ou ovos em duas das refeições principais
• Evitar o consumo de gorduras saturadas (pizzas, batata frita, molhos, bolos, hambúrguer,..)
• Moderar o consumo de açúcar e alimentos açucarados.
Tratamento
Os distúrbios alimentares são multideterminados. Fatores culturais, individuais e familiares contribuem para o seu desenvolvimento, de diferentes formas, em indivíduos diferentes.
O tratamento do distúrbio alimentar é complexo, moroso e especializado, reconhecidamente difícil, em que a eficácia do protocolo terapêutico depende da existência de condições adequadas e de uma equipa multidisciplinar que funcione de forma a lidar, eficazmente, com os aspectos psicológicos, psiquiátricos, médicos e sociais destes distúrbios.
A intervenção terapêutica mais validada empiricamente e com melhores resultados terapêuticos (diminuição da sintomatologia e diminuição da taxa de recaída) é o tratamento cognitivo-comportamental. O modelo conceptual subjacente permite uma compreensão e formulação dos distúrbios alimentares, com base na natureza interativa dos vários fatores de risco, precipitantes, manutenção e de proteção.
O tratamento cognitivo-comportamental em termos gerais, faz-se em três etapas:
Primeira - recuperação do peso e regularização do padrão alimentar;
Segundo - reestruturação cognitiva;
Terceira - prevenção da recaída.
As decisões relativas ao tratamento, em cada etapa são tomadas de acordo com alguns critérios fundamentais:
• Idade da jovem
• contexto da vida atual
• duração e evolução do distúrbio
• sintomatologia atual
• tratamentos anteriores
• personalidade prévia (depressão, problemas do controlo do impulso, etc.).
• estado físico
Habitualmente o tratamento cognitivo-comportamental é feito em regime de ambulatório, podendo em determinadas situações específicas (ex., perda de peso progressiva e acentuada com sérias complicações físicas, existências de índices elevados de psicopatologia, etc) ser necessária